Projeto da Embrapa leva variedades, capacitação e preservação ambiental a agricultores familiares
Créditos: Hugo Richard
No Maranhão, juçara é o nome popular dado ao açaí. Embora semelhantes, as palmeiras que produzem os frutos têm origens distintas: a juçara original é nativa da Mata Atlântica e não se encontra no estado. Já o açaí, produzido por palmeiras típicas da Amazônia — como ocorre nas várzeas e igapós maranhenses — forma touceiras e permite colheitas contínuas, além da extração sustentável do palmito. “A espécie verdadeira de juçara, da Mata Atlântica, sequer ocorre por aqui”, esclarece José Mário Ferro Frazão, pesquisador da Embrapa Maranhão.]
Vitrine no Maracanã
A Embrapa Maranhão, em parceria com a Vale e o Instituto de Formação, implantou, no Maracanã (zona rural de São Luís), uma vitrine tecnológica para capacitação de agricultores familiares. A unidade de referência em açaí foi instalada com o objetivo de demonstrar técnicas de manejo sustentável e melhorar a produtividade ao longo do ano. Além da juçara, o projeto inclui modelos de fossas sépticas, sistemas agroflorestais e tecnologias voltadas à agricultura familiar.
Acordos e Capacitação
As ações da Embrapa são feitas por meio de acordos de cooperação técnica com prefeituras ou organizações que ofereçam contrapartidas logísticas e financeiras. A empresa entra com infraestrutura e equipe técnica para implementar projetos de capacitação que envolvem desde a escolha das variedades até o reaproveitamento de resíduos como o caroço do açaí.
Variedades e Sustentabilidade
Com o manejo adequado e uso de variedades selecionadas, é possível estimular a produção da juçara o ano inteiro, contribuindo para a redução de preços e aumento da oferta.
Além disso, a formação de multiplicadores em manejo e recuperação de açaizais nativos fortalece as práticas sustentáveis, a biodiversidade local e a geração de renda.
“A meta é unir conhecimento técnico com saber local, garantindo produção contínua, recuperação de áreas degradadas e renda para as comunidades”, reforça o pesquisador.

Crédito foto: Pesquisador José Mário Ferro Frazão
Agroflorestas em Alta
O uso de sistemas agroflorestais (SAFs) tem sido uma das apostas mais promissoras para a produção sustentável da juçara. Esses sistemas integram árvores, cultivos e pastagens, promovendo melhorias no solo, conservação da água, sequestro de carbono e aumento da biodiversidade.
Aproveitamento do Caroço
O caroço do açaí também tem potencial de uso em diversas áreas: biofertilizante, combustível, construção, café alternativo e até medicina. Segundo o Conselho Regional de Farmácia do Pará, ele possui propriedades vasodilatadoras que podem auxiliar no controle da hipertensão e na redução do colesterol.
Impacto Econômico
Segundo o Boletim do IMESC (1º trimestre de 2025), o setor primário — onde se insere a produção de açaí — é o que mais cresce no estado, com previsão de aumento de 10,8% até o fim do ano. O fortalecimento da cadeia da juçara, portanto, dialoga diretamente com a geração de empregos, aumento das exportações e expansão dos setores produtivos no Maranhão.
Do campo à indústria
A cadeia produtiva do açaí no Maranhão tem se diversificado, indo da alimentação aos cosméticos, passando pela geração de energia e produção de embalagens biodegradáveis. A valorização da juçara maranhense representa uma estratégia de preservação da floresta, inclusão social e crescimento econômico sustentável.