A guerra entre Israel e Irã atravessou uma nova escalada nesta terça-feira (24), com a retomada de ataques israelenses contra alvos estratégicos no território iraniano, mesmo após o anúncio de um cessar-fogo no início da semana. O governo de Benjamin Netanyahu afirmou que a trégua foi rompida pelo Irã, após o lançamento de mísseis contra cidades israelenses durante a madrugada, com registros de mortes civis em Beersheba e danos em infraestruturas.
O episódio marca o fracasso da mediação conduzida pelos Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, havia anunciado na noite de segunda-feira (23) que Teerã e Tel Aviv concordaram em suspender os ataques. No entanto, poucas horas depois, ambos os lados voltaram a agir militarmente.

Escalada teve início em 13 de junho
A atual fase do conflito entre Israel e Irã teve início em 13 de junho, quando Israel lançou uma ofensiva com bombardeios sobre alvos localizados em território iraniano. O governo israelense alegou estar agindo com base em um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), no qual, segundo Tel Aviv, o Irã representaria uma ameaça iminente.
A própria agência, no entanto, negou essa interpretação. De acordo com especialistas, o programa nuclear iraniano ainda estaria longe de alcançar a capacidade de produzir armamento atômico.
Desde então, a violência se intensificou dos dois lados, com aumento do número de mortos, inclusive entre civis, e com o assassinato de figuras estratégicas ligadas ao governo iraniano. Israel tem contado com apoio diplomático e político de potências ocidentais, além de assistência militar dos Estados Unidos, que passaram a participar diretamente do conflito no sábado (21), ao realizarem ataques contra instalações nucleares iranianas.
As tensões entre Israel e Irã têm origens históricas, remontando à Revolução Islâmica de 1979, quando o regime iraniano rompeu laços com o Ocidente e adotou uma política externa voltada ao apoio de grupos de resistência à ocupação israelense. Ao longo das décadas, o Irã estreitou relações com organizações como o Hezbollah, no Líbano, o Hamas, na Palestina, e os Houthis, no Iêmen.
A ofensiva israelense já vinha sendo publicamente cogitada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e analistas apontam que o momento atual é estratégico para Tel Aviv. O enfraquecimento de aliados históricos do Irã, como o governo sírio de Bashar Al-Assad, e a crescente condenação internacional à ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza estariam entre os fatores que contribuíram para a escolha do momento da ação militar.